11'09"01'
11 de setembro: 1 filme 11 diretores
11 de Setembro é um filme genial que se trata obviamente né, do atentado em 2001. O interessante dele é a forma que isso se passa no filme, temos um filme, com 11 curtas de 11 diretores diferentes de 11 nacionalidades diferentes, cada um com sua visão sobre o filme.
Eu fiz uma pequena resenha para a faculdade, juntando com o texto O
que é contemporâneo? De Agamben, Giorgio, sobre 3 curtas do filme, mas de qualquer forma eu sugiro que vocês assistam ele completo, ele tem para baixar é só colocar 11'09"01' DVD que vocês vão achar o Torrent. E aliás leiam também esse texto, tem ele na integra (até mesmo com o livro completo) na internet.
Bom aqui está a resenha:
De acordo com o texto “o que é o contemporâneo? ” De Agamben.
O contemporâneo é, o poeta, ser humano, pessoa, que não coincide com seu tempo,
ele é inatural a ele. Porém, é exatamente por isso que ele é capaz de perceber
e aprender seu tempo mais do que os outros. Não que ele “viva” em outro tempo,
não é um nostálgico, mas, como o próprio autor diz: “Um homem inteligente pode
odiar o seu tempo, mas sabe, em todo caso, que lhe pertence irrevogavelmente,
sabe que não pode fugir ao seu tempo”
No filme “11’09”01’”, em seu
compilado de curtas, temos a contemporaneidade como uma singular relação com o
próprio tempo. Com as imagens atemporais do atentado de 11 de setembro, 11
diretores de 11 países diferentes lançam seus olhares poéticos, contemporâneos
e diversos sobre o atentado que mudou o mundo para sempre.
Um curta diferente, e que
ganha destaque para tal é o de Claude Lelouch da França. Se trata de “uma muda
perdida em um filme falado”, uma moça que namora a um ano um guia para
surdos-mudos em Nova York, briga com o mesmo no dia do acidente e ele sai de
casa com destino ao local que ocorrerá o fatídico.
O curta traz uma poesia
pessoal impressionante, que traz questionamentos para o público como: “como os
deficientes visuais, auditivos viram esta tragédia? Como foi isso para eles? ”
Ou então “como foi para quem estava em casa, distraído, como foi para seus
bichos de estimação? ”
O curta que em sua maior parte
do tempo é sem som, quando ele vem, é quase como um acordar, repentino e cheio
de informações. O que poderia ser uma interpretação, poética, para o atentado,
antes as pessoas estariam “dormindo” e depois disso elas “acordaram” para o que
estava acontecendo, para o que levou a este atentado. Assim como no texto do
Agamben, o jogo do som seria como, perceber o escuro, mas não ser passivo ou
inerte a ele, mas neutralizar a luz da sua própria época e descobrir as trevas,
que não é separável das luzes, para questiona-lo.
Claude Lelouch como um
contemporâneo não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue entrever
nessas sombras sua íntima obscuridade. Pois, vê o obscuro como algo que lhe
concerne e não cessa de interpretar.
Outro curta que leva destaque
é o único que pertence ao próprio local da tragédia, do o diretor e ator Sean
Penn. O curta se trata de um senhor de idade que vive na sua própria realidade.
O mesmo, cuida, trata, conversa com sua esposa já falecida. O cenário não muda,
ele na maior parte do tempo se mantém na escuridão de seu apartamento, falando
que assim como as flores dela que estão mortas, ele também precisa de luz.
Como no texto, Sean Penn,
percebe o escuro do presente, que é essa luz que procura nos alcançar e não
pode fazê-lo, isso significa ser contemporâneo.
“Ser contemporâneo é ter coragem, significa
ser capaz não de manter fixo o olhar no escuro da época, mas também de perceber
nesse escuro uma luz que dirigia para nos distanciasse infinitamente de nós, ou
ser pontual em um compromisso que só pode apenas faltar”
Assim, como no final do curta,
quando ocorre o atentado, e a torre cai, finalmente o senhor acorda com a luz
do dia sem precisar de relógio, a flor nasce e ele vê a “luz” do seu presente,
sua esposa não está mais ali para ver nada disso. “O presente não é somente o mais
distante, ele não pode em nenhuma forma nos alcançar”, assim como as torres
gêmeas caindo não alcançou o senhor, somente a luz que era tapada pelas mesmas,
mas a realidade em si, nunca chegara nele.
Um terceiro curta, que em
particular, acredito que vale de destaque. É de Idrissa Ouedraogo, de Burkina –
Faso, da África. Onde um jovem é obrigado a largar a escola para ir trabalhar
para poder comprar os remédios de sua mãe que está muito doente. Nesse
entremeio, ocorre o atentado e ele vira vendedor de jornal, e no mesmo, após
ver um homem muito parecido com Osama Bin Laden, vê um anúncio de recompensa
por ele, de vinte e cinco milhões de dólares. Assim, ele e seus amigos de
escola, que querem ajudar para que ele possa voltar a estudar com eles, vão
atrás do sujeito. Porém, ninguém acredita neles e ele acaba fugindo.
Particularmente gosto desse
curta, pois, ele traz quase um “alívio cômico” para a questão, a inocência das
crianças e que infelizmente ninguém escuta elas e ao mesmo tempo te deixa na
dúvida se aquele é mesmo Osama ou não, claro, o que ele estaria fazendo na
África depois do atentado? Talvez não fizesse sentido, ou talvez sim, talvez
todos esquecemos de procurar nos lugares óbvios, procuramos tão fundo e nas
“luzes”, que esquecemos de olhar nas “trevas”. Seria fácil demais pegar Osama
se ele estivesse andando por aí normalmente, mas e se ele estivesse? Seria tão
óbvio que ninguém conseguira ver isso?
Isso que o diretor questiona,
o que faz dele o raro contemporâneo, “já que o presente não é outra coisa senão
a parte de não-vivido em todo o vivido e aquilo que impede o acesso ao presente
é precisamente a massa daquilo que por alguma razão (o seu caráter traumático,
a sua extrema proximidade) neste não conseguimos viver, a atenção dirigida a
esse não-vivido é a vida do contemporâneo e ser contemporâneo significa nesse
sentido voltar a um presente em que jamais estivemos”. Assim, ele com a mente
observando de fora o seu próprio tempo, teria a oportunidade de entrever e ver
a obscuridade, em meio a luz do seu presente.
Obscuridade essa que poderia
ser Osama estava tão feliz com sua façanha mesmo matando milhões, que fora
passear na África, enquanto a luz seria os Estados Unidos atacando diretamente
o território do mesmo, pois, seria óbvio que ele estaria ali.
“Isso significa ser
contemporâneo não é apenas aquele que, percebendo o escuro do presente, nele
apreende a resoluta luz; é também aquele que, dividindo e interpolando o tempo,
está à altura de transformá-lo e de colocá-lo em relação com os outros tempos,
de nele ler o modo inédito a história e “cita-la” segundo uma necessidade que
não provém de maneira nenhuma do seu arbítrio, mas de uma exigência à qual ele
não pode responder. É como se aquela invisível luz, que é o escuro do presente,
projetasse a sua sombra sobre o passado, e este, tocado por esse facho de
sombra, adquirisse a capacidade de responder às trevas do agora. ”
É isso gente espero que tenham gostado e que assistam o filme e leiam esse texto que é ótimo
Bjs de Luz
Nox
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